Não entendo a
tua gramática. Todos os erros de semântica possíveis foram cometidos por ti. Tu
eras o meu sujeito. Os erros de concordância já eram extremos, o nosso
pretérito era quase perfeito e teríamos um futuro do presente, não fosse a tua
conjunção com essa terceira pessoa do singular. Não somos mais a primeira
pessoa do plural, agora apenas eu, tu, vós. Tu eras o discurso directo dos meus
sonhos, a cedilha da minha maçã, a hipérbole dos meus sentimentos. Dos
adjectivos, os mais belos, dos pronomes, os subjectivos. Mas as antíteses do
teu comportamento transformaram-se em metáforas. E num acto indefinido entre o ódio e a
loucura, no indicativo de que já não se ama como outrora, de um imperativo
afirmativo ecoou o grito. Assim acabou o nosso verbo de ligação: um hífen
colocou-se entre nós, e deu-se a divisão silábica.
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